Estas situações deixam-me completamente boquiaberta. A idade é irrelevante visto que defendo que qualquer idade é boa para aprender e quem não teve oportunidade (ou não quis) estudar antes pode bem fazê-lo aos 30, 40, 50, 60... enfim, quando bem entender. Também não é o número de matrículas que me choca pois podia ter 24 matrículas e ter 2 licenciaturas, 4 mestrados e 1 doutoramento.

O que me choca realmente é o facto de ter 24 matrículas e NÃO ter concluído a licenciatura! Como pode alguém considerar normal uma situação destas?

"Ah e tal trabalho...". Pois também muita gente. A minha mãe na faculdade arranjou esta bela prenda (Eu) e, já mais próximo do fim, o meu irmão. Sempre trabalhou para que nada nos faltasse e mesmo depois ela e o meu pai se terem separado não baixou os braços. Fomos os 3 viver para casa dos meus avós. Claro que tinha a ajuda de não ter de pagar renda e caso saísse mais tarde nós estávamos bem entregues a ser mimados ao extremo pelo melhores avós do mundo. No entanto sempre foi uma pessoa de opiniões muito próprias e, independentemente das dificuldades, somos filhos dela portanto as nossas despesas era ela quem tinha de se encarregar. Nem por isso desistiu. Trabalhava a tempo inteiro, ia às aulas assim que sai do trabalho ou, caso fosse possível, na hora de almoço e passou também a fazer ela a limpeza no café dos meus avós. Não terminou a licenciatura nos 5 anos ( a dela é de 5 anos). Demorou mais dois. Mas tendo em conta que tinha dois filhos para criar sozinha (apesar das ajudas valiosíssimas dos meus avós que, ainda hoje estão sempre presentes), um trabalho a tempo inteiro e ainda outro a tempo parcial parece-me uma situação perfeitamente aceitável. Para além disso tinha sempre tempo para mimos, brincadeiras e todas as responsabilidades que vêm com uma menina relativamente sossegada e um príncipe irrequieto de olhos verdes. Posso ser suspeita para falar mas, para mim, este é um exemplo a seguir. 

Já estar 24 anos sem concluir uma licenciatura para mim já nem é uma anedota. Nem sequer me dá vontade de rir. É algo que já se aproxima de um filme de terror que espelha a tristeza deste país e algumas (felizmente não são todas!) mentalidades dos nossos cidadãos.