Ninguém É De Ferro

Esta situação que atravessamos atualmente está a afetar-me mais do que eu previa. O facto de ter de estar toda a semana longe da minha família e continuar a trabalhar - no atendimento ao público e a lidar com dinheiro - faz-me pensar constantemente nos riscos a que estou exposta diariamente. 

No trabalho, olho para o relógio constantemente mas as horas teimam em não passar. A hora de almoço é um pequeno balão de oxigénio, mas regressar à tarde é difícil. Ir para casa ao final do dia dá-me alguma segurança e, sem querer, revolto-me um pouco com todos os que se queixam por ter a possibilidade de estar protegidos, com as suas famílias, no conforto das suas casas. 

O fim-de-semana, e o regresso à minha verdadeira casa e aos meus é um misto de emoções. A alegria de estar de regresso ao meu local e aos que mais amo, luta com a ansiedade de saber que estou muito exposta e a incógnita de não saber se estou a levar algo mau para a minha casa. 

Porque vais - perguntam vocês. Porque tanto a minha mãe como os meus irmãos ameaçaram que se eu não fosse, viriam eles. E dificilmente os conseguiria manter confortáveis no meu quarto alugado. No meio de toda esta loucura, estamos juntos, nem que seja apenas dois dias por semana, e é isso que me dá forças para continuar.